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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Tchau, dias de janeiro.


Tchau, dias de janeiro. 
Guardo todas as coisas que foram boas, não me queixarei de nenhuma marca de batom ou dos borrões de lágrimas. 
Somente das novas fotografias não registradas, com suas cores em tons antigos e seus sorrisos. 
Meus dois braços não foram suficientes. 
Os abraços foram em boa quantidade. 
O sorriso foi o mesmo, era um só. 
E pela metade. 
Do calendário, esta é a última folhinha anunciando novas cores. 

Tchau, “P.A” 
Obrigado mais uma vez por lembrar que aí era o lugar que não queria estar. 
Não há nenhuma marca ou ferida nele. 
Não mais. 
De todos esses sentimentos, pelo menos um deve servir.

Bem, acho que já tenho que ir.



Oi, ...

Eu não queria ligar, então decidi vir aqui.
Queria saber, como você está?
(...) É, Que bom, vejo que você está melhor. 
Você mudou, não foi? 
(...)Fico feliz.
Olha... Eu não tenho ilusões. 
Sabe... A vida que eu levo, a maneira como vejo as coisas, acho que vai ser o meu fim.
Tudo bem, tudo bem... 
Eu só quero que saiba que a ideia que tenho de felicidade é com você.
... Não precisa dizer nada.

Bem, acho que já tenho que ir.


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Eu vou sendo...



Acordo cedo, escolho filmes, músicas, fico sem fazer absolutamente nada na cama por algum tempo, me arrumo. Saio, vejo pessoas, Várias. Algumas são novas, outras não. Dou sorrisos, sempre cumprimento, desejo bom dia e tenho o costume de cuidar do que me faz bem. Saio para caminhar, passos curtos, mãos nos bolsos, roupa leve, e um sol com cores iguais aos dos desenhos da Disney. Adoro os dias de Domingo, mesmo os que acho mais desanimados, onde sozinho é que me encontro mais. Gosto muito deste cheiro de domingo, de calma, de amizade. O gosto de tudo que ainda está por vir, a reunião de todas as lembranças da semana que passou, a agonia de um telefone que não toca. Ou o meio sorriso ao ler uma mensagem no celular. O que vai ser pra hoje? Um churrasco com o melhor amigo, uma caminhada sem rumo e uma máquina fotográfica em mãos, mais um domingo à tarde que não vai existir dentro destas quatro paredes, ou simplesmente agradecer por todas as coisas boas que ainda me cercam?
eu vou sendo...

Um dia ele descobriu


Um dia ele descobriu que poderia viver muito mais do que o relógio marcava. 
Descobriu que poderia viver muito mais do que o calendário permitia. 
Então percebeu que poderia viver muito mais do que sua idade limitava.
O problema é que demorou muito tempo para descobrir isso. 
Ele descobriu que matou seus melhores dias quando ainda era jovem. 
Descobriu que passou muito tempo se sentindo quase morto.


O Mapa


Eu me perdi na Rua Joana Angélica da tua perna.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

10:43

Nossa mente é tão boa em criar sonhos, não há como duvidar que é possível construir realidades.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Particularidades rabiscadas


Escrevi sobre muitas pessoas, sobre muita gente que faz ou fez parte do que sou. Algumas apenas passaram por mim. Outras foram somente observadas. Há tanta gente criada, particularidades rabiscadas, gente guardada nas minhas gavetas, pessoas escondidas nos documentos Word, outras apenas dormem nas páginas dos meus cadernos. Todos eles meus personagens, guardados em rascunhos e engavetados com seus gestos, risos e choros. Estão presentes como se fossem uma família inventada, e vivem dando sentido a todas as partes de mim.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

No instante seguinte


A chamada terminou, e ele ficou olhando, olhar pensativo e fixo.
Continuou olhando por um bom tempo.
Pensou no quanto suas últimas palavras poderiam ter sido importantes.
Esperou respostas por alguns instantes, adormeceu esperando palavras e respostas que não viriam.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Confissões particulares de um caderno sem linhas


Eu nunca soube como agir com a admiração que minha avó e meus tios depositavam em mim. Não era uma coisa boba de família. Eles sempre enxergavam o que eu poderia ser. Eu tinha 6 anos e estava fortemente convencido que eu poderia me tornar o discípulo de Jaspion no interior. Atrás da casa do tio Estevão, eu um belo dia, peguei um facão e sai destinado a provar todo o meu talento. Decepei quase metade de uma plantação de morango. Com golpes executados com tanto capricho que orgulhariam ao próprio Jaspion. A emoção tinha tomado conta de mim e perdi a noção do estrago que fiz. A mulher do meu tio descobriu, me deu uma primeira e tímida bronca. Lembro-me de ter recebido uma fila de broncas. Elas foram aumentando. Minha avó balançava a cabeça, falava de um jeito que enfim, eu entendi rapidamente a gravidade do que tinha feito.  

Depois de toda bronca recebida, me afastei e me encolhi. 
Minha avó chegou perto de mim, e me deu aquele olhar que até hoje não consigo descrever e me perguntou:

- Por que você fez isso, Dandan? 
- Porque eu quero ser o Jaspion - respondi.

E nesse dia, minha infância foi cortada em duas. Antes e depois. Ela suavemente respondeu:

- Meu filho, você tem que ser o Jaspion do portão pra fora. Aqui dentro você finge que é Dandan, meu neto.

Eu passo o resto da minha vida tentando ser uma pessoa melhor por causa do olhar da Dona Angela. Mesmo ela não estando mais aqui. A minha memória ficou marcada com aquele olhar. Às vezes sou pego por essa agonia, tantas coisas aconteceram tentando ser o pequenino Jaspion... Às vezes sinto o tempo escorrendo pelos dedos, percebo que estou me distanciando da direção que aquele olhar apontava.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Completo de qualquer coisa



Um homem de barba desajeitada fez canção da vida da música. 
Em qualquer outro lugar, aquilo faria o mundo inteiro ficar mais bonito. Como foi ali, naquela cidadezinha, fez apenas o mundo daquelas pessoas menos feio. Eu estava vazio de mundos e voltei completo de qualquer coisa.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Por todo o resto

Não estou me desculpando por hoje, mas por todo o resto.
Desculpe por ter me descontrolado em algumas de nossas conversas.
Desculpe-me por não ter simplesmente te ouvido...
Por não ter retornado a ligação algumas vezes...
Por ter desmoronado um pouco, por não ser perfeito, embora tente.
Desculpe-me por ter demorado a te dar espaço.
Desculpe-me se fiz você pensar que te tratei como propriedade.
Desculpe... Não falar que te amava, quando sabia que te amava.
Desculpe-me pelas brigas e acusações infantis.
Queria que soubesse que... sinto muito por ter desistido de nós por alguns segundos.
Você nunca desistiu.
Você não desiste das pessoas que ama verdadeiramente, e isso não vai ser sua decadência.
E esse é mais um motivo que te fará ser uma ótima mãe, você sempre quer ajudar uma pessoa que ama, mesmo que ela não mereça.
Não tem problema, eu entenderei se isso tiver que mudar. 
Acima de tudo, me desculpe por não ter dito metade do que estou pensando, por não ter dito metade do que ensaiei.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O que não souberam de nós dois


- Oi, tudo bem?
- Oi, tudo ótimo. E como vão as coisas com você?
- Estão indo bem, obrigada. Você já leu o pequeno príncipe?
- Li, é o meu livro favorito.
- Sempre acho que estou tomando seu tempo.
- Não, não está. Gosto de conversar com você.
- Que bom, fico feliz em saber. Está indo embora?
- Não, não estou indo embora. só estou pensando em umas coisas.
- Posso saber em quê?
- Em te dar uma tela, uma caixinha de tinta guache, e um pincel junto com o meu endereço. Desenha um mundo só nosso e depois foge comigo, que tal?


Há vários anos


Quando a alma perde o total interesse pelo corpo, ele fica completamente sem cheiro. Tudo fica triste, então ele pega o aroma do fim. E, nesse momento nos damos conta do quanto somos pequenos, então começamos a habitar a memória, a memória dos outros, pois somente nela cabe um mundo de coisas, não há quem prove o contrário.
Então ele me olhou e disse, sem qualquer esforço, em seus últimos segundos de lucidez:

- Sempre que eu sinto muito amor, me sinto fraco. Mesmo assim, ela ainda é a maior fortaleza que tenho.

Já faz vários anos que ele fechou os olhos, logo depois de ter dito isso, e nunca mais abriu.


* Para: A.S, que Deus traga a paz que você sempre quis ter
.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Doses de insônia


Quase nunca consegue dormir. 
Algumas vezes, não paga a conta de energia para que cortem; Acabou Descobrindo que o escuro pode ser muitas coisas, menos sono. 
E que o sono nada mais é do que uma mentirinha necessária, mas mesmo assim, ainda continua sendo uma mentira.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Anônimos


Abrimos os olhos, e pra onde quer que a gente olhe vemos rostos pensativos, passos rápidos. Dezenas, centenas de pessoas. 
Algumas delas devemos ter visto várias vezes. Mas nunca percebemos. 
Engraçado... Pra nós, elas não são NINGUÉM. 
E nós não significamos nada para elas também. 
No cinema, no ônibus, na faculdade. 
No Show, no bar, na rua, ou num parque. 

Todos esses anônimos partilhando a nossa realidade. 
Como assim, a nossa realidade?
Alguém já parou em algum momento e se perguntou o quanto essas pessoas poderiam significar pra nós, caso elas fizessem parte de nossas vidas? 
Alguém já parou para pensar no que estas pessoas que acabaram de passar por nós já viveram? 
No tanto que nós poderíamos aprender com elas? 
No que elas poderiam aprender com a gente?

Nós poderíamos ser grandes amigos, colegas de trabalho, ou de sala. 
Vizinhos, amantes ou até Inimigos.
Mas, é só algumas delas nos pedirem licença, e BUUMMM, nós sairemos do caminho.

É estranho pensar assim.
Assim como também é interessante, 
Talvez seja realmente esquisito. 
Às vezes deveria bater com mais frequência essa consciência de que não somos o centro do mundo.

Jogando a pedrinha


A gente se afasta de tudo que nos faz bem, tomamos decisões extremas, nos queixamos do efeito colateral, começamos a ficar tristes e ficamos perdidos antes de saber o propósito.

Após notar isso cheguei à conclusão que, se nós quisermos saber o propósito de alguma coisa, não podemos pedir pra que a coisa nos conte. Uma caneta não sabe que é uma caneta, e um livro não sabe que é um livro, apenas o fabricante sabe que vai produzir uma caneta e o escritor sabe que vai escrever o livro. 

Acho que essa é a maneira que devemos nos relacionar com Deus. Deus não me fez para ser apenas uma pessoa perdida, um marido, quem sabe um bacharel em direito ou um amigo, não é que eu não seja tudo isso, mas esses são apenas partes e não completamente quem eu sou. 

Deus nos fez como uma espécie de anjo, sem asas, vivendo na terra, na tentativa de mostrar que o que foi criado é realmente perfeito. Isso deve explicar o motivo de, na maioria das vezes, Deus deixar a nossa vida virar pelo avesso para que a gente aprenda a viver feliz com o que temos. 

Deus nos deu várias coisas boas, temos que vivê-las tentando conciliar entre o possível e o limite, talvez assim poderemos ter muito mais. 
Só assim daremos o próximo salto, e a fé fará a nossa pedrinha cair na casinha certa.

Apenas uma



Segundo a ONU, no planeta existem atualmente 7 bilhões de habitantes. 
Aproximadamente 7 bilhões de anônimos. 
E todos com algum tipo de conflito interno.
Milhares de pessoas estão com fome e frio... 
Outras estão apenas querendo sobreviver à guerra... 
Existem aqueles que só querem retornar pra casa. 
Tem aqueles que só querem mais um tempo de vida... 
Outros só querem uma segunda chance.
Outra parte nos engana, e contam mentiras pra aguentar o dia. 
Alguns acreditam que não possuem forças, sentem que chegaram ao limite. 
Outras delas apenas começaram a enfrentar a verdade inadiável de seus medos agora.
Não importa qual lugar iremos, sempre existirão problemas, pessoas maldosas, invejosas, pessimistas que lutam contra o bem, contra seu próprio bem.
E existem os bons, eles são sonhadores que estão remando contra a correnteza... 
Lutando contra o mal. 
Os sonhadores também erram, sentem-se perdidos, mas não param... 
Não desistem, estão sempre buscando.
São quase sete bilhões de pessoas que vivem no mundo,
São quase sete bilhões de almas que estão vagando...
E na maioria das vezes tudo que nós queremos é apenas de uma!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Merry Christmas


Aos 6 anos um moleque montou sua primeira árvore de natal e foi ver a queima dos fogos de artifício na praia. Aquilo nunca mais saiu da sua memória, nunca mais abandonou seu coração.

Durante a noite de Ano Novo, um homem em sua casa bebia Espumante de boa qualidade e ouvia o repercutir do novo ano chegar. 
Esse mesmo homem tem uma esposa que está feliz, ela agora é sua família, juntos eles pensam em tudo que aconteceu no ano que passou, pensam no futuro.
Ela adormece... Dando um bocejo suave.  
Enquanto ele ri sutilmente sozinho.
Esse homem ama.

Não tão distante dali, vinte anos antes, um rapaz que estava eufórico, sentia-se embriagado, e olhava o céu colorindo com a luminosidade dos fogos e sentia o Espumante barato molhar sua camisa nova. Esse rapaz sonha com o futuro e tenta esperar pacientemente. 


O mundinho de Maria Madalena

                                
Ela jamais conseguiu... Embora tivesse tentado diversas vezes, contrair algum tipo de vício. Fumou religiosamente por vários anos, todos os dias e cada vez mais. Saboreou bebidas muito fortes, inventou jeitos para não sentir o gosto e assim descobriu que licores e sêmen exigiam a mesma destreza e agilidade ao serem engolidos.

Madá não era a mesma e até ela se assustou com isso.
Ficar em casa lendo livros e comendo manjar dos Deuses lhe parecia mais interessante do que transar, trair, e se viciar.
Quando cansou de insistir e de tentar se adaptar, esqueceu-se do cigarro e do álcool com uma facilidade quase que fracassada.

Algumas vezes ela só pensava em sumir ou pular da janela querendo quebrar os ossos da costela. Talvez adormecesse em um mar de sonhos até que se afogasse nela mesma.

Acontece que, Maria Madalena, além de não possuir mais vícios, ela só queria esquecer um pouco, talvez de tudo, ela não queria ser novamente apedrejada ou pelo menos não sentir. 

Às vezes chego a imaginar... Essa moça do cabelo longo e encaracolado que vive usando roupas de baixo, deitada no chão frio do quarto esperando o perdão de algum lugar, e fingindo não se importar ficando cada vez mais presa aos seus pensamentos profundos e escuros, para sempre, Amém.

* Para: A.C que Deus te ilumine onde você estiver.



quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Vou ficar bem, eu garanto.


Quer saber uma coisa?
Vou ficar bem, eu garanto.
Eu gosto de pensar que nossos caminhos são retos, 
que estão parcialmente desconectado de todas as escolhas que fazemos, e que quando você parar, eu te alcançarei. 
Às vezes estamos tão preocupados em chegar em algum lugar que
ficamos com a cabeça baixa durante todo o caminho, e mesmo com passos curtos perdemos a beleza do que ficou pra trás. 
... Outras vezes nem acreditamos em nós mesmos.
Eu acho que... se é pra gente ter fé, não é só quando acontece um milagre ou quando estamos desesperados.
Temos que ter fé quando não acontece nada.
Eu sei, chega um momento que fica difícil... 
A gente chega a pensar: E agora?
Os caminhos de DEUS são misteriosos...
Eu não sou do tipo que ora, mas vou orar por você.
E isso já é um milagre.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Bordando lembranças


Grande parte de nossa vida são apenas lembranças, estações. 
Elas passam rapidamente pela gente como o vento que passa pelo corpo, que toca a flor e que passeia pela casa. Algumas vezes, uma dessas lembranças se permite ficar um pouco, um pouco mais do que segundos, ela se congela na memória, então uma coisa fantástica acontece nesse minuto. E nós... nós temos a certeza que esse instante é muito mais do que uma lembrança... Sentimos uma espécie de fé que nos faz acreditar que essa lembrança, esse minuto, e todos os detalhes dele irão permanecer para sempre.