Páginas

quinta-feira, 28 de março de 2013

Reinventando

Fui organizando toda a bagunça, troquei um bocado de coisa de lugar. Mudei o sofá vermelho, a volta pra casa, a cama, os livros, as fotos, meus costumes e reorganizei minhas prioridades. Pode até não estar essa beleza toda aqui dentro, mas pelo menos não guardo aqueles entulhos que entristecem e que já não cabem mais no peito. Dois ou três risos meio tortos no início, e tudo foi ficando mais leve, mais fácil. Baguncei as lembranças só pra poder me reinventar, e fui ficando feliz...
E como era de se esperar, o coração ficou inteiro.
(A.Gouveia)

sexta-feira, 22 de março de 2013

E eu apenas sinto muito...


Outro dia te vi saindo. Era domingo, você usava uma blusa dourada. A tatuagem  no seu ombro com as iniciais I e A ainda permanecem.  Além da blusa você usava um sorriso grande e eu fiquei feliz de te ver, embora tenha me preocupado pois você está mais magra. Eu sei que nunca dei a mínima pra suas teorias e complexos com saúde. Sei também que sempre fui realista demais te mandando ir ao médico, enquanto o que você queria era que eu me levantasse e comprasse comida saudável e sempre lhe aliviava tirando o peso da consciência. Sei que vai dizer que não preciso me preocupar porque você está bem. E que por ser médica sabe dos riscos. Sei que não vai acreditar se eu disser que me preocupo inclusive com as sardas que você tenta esconder com pó facial compacto,  e com essa coisa de quase não comer, mas é verdade. E eu acho que você precisa se cuidar... saúde é coisa séria e a vida passa rapidinho. Que nem sempre é preciso esperar a primavera chegar  para se reinventar, que você é frágil demais para enfrentar esse mundo sem sorvetes e canções. E eu  que sou sempre disperso, vivo sonhando e fazendo da vida texto e poesia. E você sabe, que já são 3 semanas e eu preciso confessar que na varanda quando te vi voltar aquele dia... que foi alí, bem alí, que você passou diante dos  meus olhos sem que eles percebessem.
E eu apenas sinto muito...
(A.Gouveia)


segunda-feira, 11 de março de 2013

Porque sorrir é preciso.

Mas ela sabe que até o céu, que é pura perfeição, tem seus dias cinzentos e deles vem tempestades. 
E como de costume perguntei de seu sorriso.
Ela falou: É preto, o sorriso vai indo.
E eu pensei: É, menina... É melhor do que não ir.
(A.Gouveia)

A gente segue se ajustando...

Eu não perderei nem um pouco mais de tempo com você, está decidido e não tem solução. Não. Não adianta você renovar seu guarda-roupa, ficar parado na esquina pra me ver, e querer me falar coisas bonitas,  nem pegar meu celular pra gostar das minhas músicas, nem aprender a administrar melhor seu tempo, nem decorar versículos pra fingir um pouco de fé. É mais que isso. Precisa mais! E você não vai entender o que é preciso... pouquíssimas sabem ver. Eu só sei que não está bonito do jeito que está. Não tem me feito bem. E eu preciso ficar bem. Não é só sua culpa. É minha também. Eu escolhi um caminho de fé, força, e Deus... você não vai se lembrar porque sua memória é muito curta, mas eu te falei uma vez que desde cedo minha vida é corrida, que sempre tive medo da capacidade de fingir das pessoas e que por isso preferi manter uma certa distancia delas. Me lembro que você sorriu e pensou que fosse brincadeira, afinal, sempre tivemos tantos "amigos" e sempre falo tantas frases confusas! Mas é verdade e eu sinto muito... Nasci sem apego, admiro gente de fé. Não tendo isso, melhor ser só.
E não consigo entender como foi que tentei curar essas coisas aqui dentro com  você.

(A.Gouveia) 

terça-feira, 5 de março de 2013

Ela, o silencio e o mar.

Então ficou sentada na companhia do silencio e da praia vazia,
nada mais havia para separá-las...

 Ela, o silêncio e o mar nas suas arengas sobre o que seria amar:
Dificuldade no apego, limites de entrega, alguma distância, tempo escasso, grande respeito, zero de cobranças, não gostava de expectativas, só repetia: Que as ondas do amor venham do jeito que vier...

E as ondas cantaram suas canções de marés agitadas,
E foi aí que o coração dela dançou, porque se permitir é dançar conforme a música que tocar:

 Solfeja o tom, Meu bem.

(A.Gouveia)

segunda-feira, 4 de março de 2013

Notícia Velha

Pintinhas,

Eu não esqueci de te escrever. Me lembrei de você o dia todo, mais do que nos dias normais. Só que a vida anda uma correria danada,  não consegui entrar na net e nem colocar crédito no telefone por falta de tempo. Não tenho costume de orar para pedir, mas pedi a Deus por você esta noite. As coisas andam difíceis por aqui, Menina. As pessoas correm tanto! E os carros também. E ando tão cansado que as vezes acho que não vou conseguir acompanhar,  preciso dar uma pausa pra respirar. A respiração aqui também é difícil, ar muito pesado e poluído, pouco vento, essas coisas todas.

Outro dia na semana passada, desejei muito que você estivesse bem. Acho que você precisa ser um pouco mais feliz, não que você não seja. É que felicidade combina com você.  Tem tanta coisa bonita nesse mundo, e eu queria mostrar pra você, Pintinhas. Nem tudo está perdido. A Orquestra Sinfônica ensaiou uma peça linda: "Dom Quixote". Vem um Ballet (da Russia) dançar aqui. Queria levar você e te mostrar que ainda tem gente de espírito leve, e sorriso bonito por aí. Convidaria pr'um chá (eu até deixaria você tomar café).

E retornaríamos a nossa conversa... aquela em que há nessa vida coisas que a gente não explica, nem escolhe: apenas sente.
E eu, como de costume faria você se sentir mais leve, como os chás nas tardes de domingo seguidos de sorrisos espontâneos e alegria sem limites.
Tudo passa... o tempo dá jeito em tudo.
A gente não pode é esquecer o que foi bom, porque com elas a gente descobre que é possível sorrir.
Nem pode esquecer as ruins... porque com elas a gente descobre o tanto de força que tem.
A gente não deve se culpar por amar demais ou de menos.
Temos que ser feliz com o que nos faz bem.

2013 tá aí, batendo na porta prometendo mais fé e realizações. Acho que talvez seja desse jeito que as coisas devam funcionar, procurando sempre os caminhos tranquilos, cheios de doçuras e cores, que passam tão despercebidos que se a gente não abrir bem os olhos e ver com o coração o sorriso ficará enferrujado.

Não se preocupe, Pintinhas, eu não estou triste.
Só estou precisando de uma foto nova...
E se quiseres me ver, vem aqui no blog. Você gostará de se ler.
Te desejo toda a felicidade do mundo. Assim, menina, sem egoísmo nenhum, pr'eu te ver sorrindo e ficar feliz também...  Te cuida pintinhas. A vida é perfeita demais, mesmo com tantos poréns e afins...

Com Carinho,

(A.Gouveia)

sexta-feira, 1 de março de 2013

Dos foras que a vida nos deu

Ele sempre teve os pretextos na ponta da língua!
Conversava sobre tudo... às vezes até incomodava com tanta falação.
E ela, vez ou outra percebia que ele sorria.
Sorria pouco. Ou talvez fosse ela que não sabia ver.
O moço que gostava de bandolins e queria tocar violino, se aproximou dela em um dia que as pessoas coversavam sobre coração partido e casamento.
E ela, sempre lá com suas desconfianças, o recebeu com 4 pedras na mão e uma no bolso! Só pra garantir...
Ele carregava uns mistérios e ela sentia coisas demais.
E entre tantas coisas que ela não acreditava, ele tentava se explicar.
E assim, arriscando, ele mostrou que as pessoas ainda escrevem nomes na areia.
E que não pode ser tão ruim cantar 'Pelados em Santos' num videokê.
Mostrou que nada é como aparenta ser. E que algumas pessoas carregam por dentro um coração sereno...
Ele acreditou no dela.
Entrou com tudo, e mostrou que ter uma mão pra segurar, deixa as outras duas numa vida mais leve.
E que respirar, pode evitar brigas!
não é preciso partituras pra tocar: dá pra fazer isso numa praia, com um violão emprestado do moço no calçadão.
Ensinou que ela nem sempre terá razão.
E que é preciso saber ceder.
E ela, que se achava complexa demais, e que ele não a entendia, veio descobrir que talvez, ninguém tenha entendido tanto.
Logo ele que foi sempre tão cheio de si...  Ela teve medo.
E foi por medo que ela brigava tanto: pra se proteger...
E se protegendo, se esqueceu de dizer que gostava um tanto dele!
Bem... esqueceu ou vai ver, preferiu mesmo nem dizer.
Sempre pra se proteger...
Mas não era dele. Sem dúvida ele não lhe faria nenhum mal.
Mas dela... e de todas as coisas que ouviu.
(A.Gouveia)

A resposta.

... E respondeu antes mesmo que ele começasse a lhe escrever a carta.
 Tudo bem... não foi lá a resposta que ele esperava.
Quem sabe agora ele comece a entender os poréns, dos afins.
Talvez, depois de tanta prece, tenha sido um sinal...
Sim... quem sabe?
Mas pelo menos ele agora sabe que ela está viva...
E não só por dentro, mas também do lado de  fora.
Fora dele... 
(A.Gouveia)