Às
vezes é assim: o ar pesa, tudo enche, tudo cansa, e esvazia de vez, e termina
perdendo um pouco o sentido. Até que todas aquelas coisas que a gente andou
planejando um dia, se realizam por metades.
Então
nos perguntamos: "por que não por inteiro?" ou "por que isso e
não aquilo?".
Não
sei se há uma lógica nisso tudo, assim
como encontro nos problemas matemáticos que me rodeiam.
Hoje
pela madrugada, uma amiga veio me contar que uma amiga dela gostou do
"Momento Lápis Papel",falou que ando ausente, e que tem o achado um
pouco triste ultimamente.
Fiquei
sem saber o que dizer... porque no fundo sei que ela não mentiu.
Então
eu prometi escrever coisas um pouco mais felizes daqui pra frente.
Mas
vez ou outra as tristezas aparecerão por aqui, pois elas fazem parte de mim e
não posso evitar.
Talvez
eu tenha andado cansado mesmo!
Cansado
da correria, cansado dessa bagunça, cansado de algumas pessoas, cansado de
esperar sempre por algo que não vem.
Daí
lembro que aprendi a caminhar sem pressa, e a ver bem com o coração...
As
manhãs de sol; os almoços com a Anni, Ana, e a Lú; as tardes no trabalho; o
lanche na padaria com amigos; o tchau da Rebeca pelo vidro todas as tardes; a
caminhada na praia no fim do dia, depois do trabalho com a Anni, e a Nati; fica
claro que essas pequenas coisas bastam pra me fazer sorrir.
Hoje
a noite, e só pra completar o meu dia de tantas surpresas, duas senhoras bem
velhinhas sentaram ao meu lado no banco em frente ao mar.
Falaram
sobre o avô jornalista, sobre a beleza de escrever, e sorriram...
E
sem que eu desse uma palavra sobre cansaço ou tristeza, uma delas olhou para
mim e disse: "Está cansado? Ou está triste? Se for cansaço, durma bem
quando chegar em casa. Se for tristeza, espero que passe logo. Mas não se
permita entristecer por outras pessoas. Apenas fique triste por você hoje. Você
perceberá quantos motivos tem pra ser feliz. E irá sorrir de verdade."
Assim
que ela silenciou, o seu filho chegou e elas se foram.
E eu ainda estou pensando em todas as palavras
que ouvi...
Me
despedi num sorriso e arrisquei um 'prazer em conhecer'.
Não
sei se voltarei a vê-las em alguns desses bancos em frente ao mar.
Algum dia quem sabe... quando o coração
precisar ouvir certas verdades que arrancam suspiros e fazem olhar pra frente e
viver.
Isso
não mudou meu cansaço, nem meus enganos. Mas como disse o Ilkerson:
"Algumas
vezes é necessário se enganar para tocar a vida.
Não
é bom sofrer por todas as coisas que acontecem de errado, então a gente finge e
toca o barco. E chegará uma hora que toda essa bagunça acumulada irá brotar.
Mas ainda assim, é melhor que sofrer sempre".
Me
desculpem se O Momento Lápis Papel tem andado um pouco ausente ou um pouco
triste.
Nos
últimos dias acho até que ele andou meio feliz.
Vai
ver... é só questão de tempo.
(A.Gouveia)