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terça-feira, 30 de abril de 2013

... A chuva impediu que ele aparecesse.

Enquanto o sono ia chegando, a chuva batia na janela e entrava aos poucos molhando o chão do quarto.
Sentada na cama, a menina olhava com olhos entristecidos cada gota que entrava sem pedir licença.
Não que estivesse triste por inteiro, mas essa tristeza nos olhos fazia com que tudo a sua volta entristecesse também...
A gente tem mania de focar tanto na tristeza, que até esquece de tudo que é felicidade.
É que a tristeza é mais fácil de sentir, vez ou outra é tão forte e veloz, que envolve num abraço os nossos olhos. E quando abraça os olhos, há apenas de se permitir condescender e esperar passar.
É que tudo na vida passa... - Até já perdi as contas de quantas vezes deixaram um presente e soltaram as minhas mãos... -  mas enquanto não passa, a gente vê o tempo enquanto pensa no que fazer pra esperar ou pra guardar em cima da mesinha junto com o tanto de coisa que tem lá.
Ela via o tempo todos os dias...
É que ele costumava passear no quintal dela todas as noites.
Era ali que se viam... Era só aí que ela conseguia sentir o tempo perto, como se ele batesse em sua porta sem esperar autorização pra entrar...
Naquela noite, no entanto, ele não apareceu.
"Deve ser porque choveu bastante", pensava: "A chuva impediu que ele viesse".
"Mas o que tem a chuva”? É tempo! “E não derrete como algodão doce e sal.”.
E assim, ficava sem entender porque por vezes tudo ficava exageradamente entristecido e fechado como céu em dia nublado.
O céu decidiu chorar chovendo naquela noite...
E nós bem sabemos que existem dias que se colhe flores... E outros que se plantam dores.
E da janela dela, aquela chuva poderia lavar qualquer alma!
O tempo que andava se permitindo parar um pouco, não apareceu naquela noite, mas mesmo que tivesse aparecido...
... Ela preferiria só olhar a chuva...

(A.Gouveia) 

domingo, 28 de abril de 2013

Textinho número 1

Porque era abril, e por ser Abril o sorriso se permitiu abrir, suave, sem alarde ou pressa. Foi numa manhã de Abril que a conheci, em um daqueles dias que chovia bastante do lado de fora, mas dentro era um dos verões mais lindo de se ver, como naqueles dias bons de acontecer e ser feliz, que passam rapidinho feito chuva de verão. Usava um vestido lilás, o cabelo solto lhe bagunçava o rosto. Carregava Pintinhas no rosto feitas à mão – de Deus – que eram muito mais lindas que na fotografia e um pouco de silêncio na palma da mão. Ficamos juntos até que aquilo ruim que ela sentia decidisse sumir. A coisa se foi bem na hora que escapou um sorriso tímido e atrapalhado no início da tarde. E conversamos sobre planos, Deus, visita em maio, chá, sorriso, poesia, café, e sorriso borrado de café.  De cada instante ficou uma lembrança, penso então que o tempo nunca foi meu amigo. Sempre tão cheio de pressa, passando correndo, pensando que a gente nunca percebeu ou percebe, suponho que ele gosta de mim o suficiente para me encarar. Concluo que Abril, o tempo e eu sempre fomos cheios de idiossincrasias, excentricidades, e ângulos sutis.
Acho é preciso ter fé para que tenhamos uma relação ideal.

Pergunto-me se percebi em que estação a gente estava, pois parecia primavera ou verão em pleno inverno. Horas depois, foi em alguma curva de abril que ela dobrou, e não voltou. Usava um... Eu não sei o que ela usava junto com o sorriso, nem como estava seu cabelo, mas jamais esquecerei aquele abraço. Fui pra casa, mesmo não querendo ir, mas uma coisa boa eu consegui deixar na vida dela: Aquele sorriso leve no final da tarde. E tenha a certeza que gente se encontra, Pequena.
(A.Gouveia)

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Anteontem

Minha vida anda uma correria, as preocupações e ansiedades estão se tornado tão frequentes, que todo o passado vai ficando distante, quase esquecido em meio a tantos entulhos. Aí foi anteontem, bem no fim da noite, quando escrevi um pouco de amor, você e sorrisos. E desejei-os ao moço sentado na praça. Acabei lembrando que faltam 10 dias pra te ver (ou seriam 9?) nesse 17 de Abril. Vai ver foi por isso (e só agora percebi) que o dia amanheceu tão bonito, o céu todo clarinho, como não se via desde o último domingo (embora tenha nublado tudo no dia seguinte, deixando a noite fria). E eu até entendo essas mudanças repentinas, esses seus sumiços, pois nem o céu andou  constante por esses dias. E você com esse hábito de reaparecer do nada, sempre com uma frase nova me fazendo sorrir. Talvez tenha sido um presente todas essas cócegas no coração, dessas que parecem carinho de Deus mesmo. Embora eu às vezes ache que não mereça e saiba que deveria ter um pouco mais de fé. Vai ver que foi por isso que andei orando, (Agora entendo as orações e o versículo 1 Tessalonicenses 5:17 que abri ao acaso) principalmente as de Bisa, que cabem toda família. E me dei conta outra vez que faltava só um pouquinho e te encontraria. E sorri, porque mesmo sem te ver, eu escrevo... E a poesia, assim como tudo que é bom nessa vida, também é encontro. (A.Gouveia)

sexta-feira, 5 de abril de 2013

E a gente segue

Dizem que quando se tem fé a gente consegue tudo o que quer.
Queria Beija-flores, muitos, de todas as cores. Faz um bom tempo que não vejo Beija-flores e isso tem me deixado triste!
Pensando bem, não sei o que dói mais: não ver Beija-flores ou não gostar mais de você...
O sumiço deles deixa o mundo em preto e branco, e  aprisionado.
Sempre achei que ao inventar os Beija-flores, Deus estava pensando em algo perfeito, tipo liberdade, sabe?
Um dia eu já quis ser Beija-flor, só pra sair voando por novos lugares e sair um pouco daqui... É tão caro viajar e ando cansado! Sempre estivemos entre isso ou aquilo, tudo sempre pela metade, sempre adiado... Dizem que Beija-flores têm vida curta. Eu também tenho. Como já te disse, acho que não vou envelhecer...
Nós tivemos vida curta juntos, não é? Mas você não...
Você vai ficar bem velhinha, é maravilhosa, vai gostar de mais um bocado de gente, ainda vai continuar com essas manias estranhas, e vai buscar realizar esses seus sonhos grandiosos.
E eu? O que vai acontecer comigo? Sinceramente, não sei.
Às vezes nem gostar das pessoas eu consigo! Nem isso! Você é linda, vai ter uma vida muito bonita. Eu sei... Eu desejo, eu prometo. 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Entre(tuas)linhas.

Eu já havia passado da hora certa de me despedir, e você esperava meu choro, meu olhar para trás que não veio. A gente já não dava certo, na verdade, nunca deu. E eu fui embora mesmo.
Fui por vários motivos e também porque era preciso dissipar os planos que andei construindo na contramão.
Mas não... Não preciso de você, não preciso mesmo.
Só preciso de mim, das minhas amigas me arrancando sorrisos, e de um pouco de café.
Não preciso d'um cafajeste que, volta e meia, aparece para me fazer chorar.
Meu bem, não é falta de amor.
Amor tem, sempre teve.
O problema é que o amor é bem mais do que o corpo sente.
O problema é que amar sozinha já não me satisfaz.
(A.Gouveia)