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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

(...) Sinto muito, mas...

Eu não acho que seja possível preencher um espaço vazio com aquilo que você perdeu. Não acho que nossos pedaços perdidos caibam mais dentro da gente depois que eles se perdem. Agora foi a minha ficha que caiu: se eu de alguma forma a tivesse de volta, ela não encheria o buraco que a perda dela deixou.

J.G

Acontece, às vezes...

Acontece, às vezes, de a gente se sentir vazio de alma, vazio de amor, vazio de um monte coisa e, acabar não tendo pra onde ir.
Você sabe: pessoas demais, jeitos e roupas iguais, mas não há ninguém semelhante à essa solidão pesada. São nessas horas que a gente silencia o peito. coloca uma música bem leve. e vai pensar. ou escrever. ou ler um livro que ficou pela metade há tempos na estante, junto a tantos outros ainda não lidos.
Não sei se foi culpa do amor ou a falta dele, ou se é coisa da idade [como dizem por aí que pode ser] ou se é nosso jeito de escolher a tristeza até quando o outono vai embora.
Vai ver, preferir não sentir, ou não criar expectativas seja um jeito de se ausentar.
Às vezes é como milagre, sabe? Um piscar de olhos e pronto: O ar já não pesa tanto, se vê o lado de fora, esse lugar que, ao menos de início, parece não ter espaço pra toda essa bagunça e esses vazios de sabe-se lá o quê que andou sufocando peito, que se instalou sem pedir licença e se guardou. Inicialmente vem um sorriso sem jeito, e vai acontecendo assim, como mágica.
Essa fase, essa esperança, esses silêncios, essa nova estação. cada dia, deixa a vida menos pesada. Cada recomeço, uma pequena chance para silenciar, sorrir e preencher vazios. 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Por isso havia aquele vez em quando...

... ali, a alguns quilômetros de distancia, depois do número 20, ela encontrou um lugar tranquilo pra pensar.
Ela, que havia aprendido a não viver de metades, já não reconhecia os inteiros.
Arriscava viver como se nada faltasse.
Chegou a pensar que talvez estivesse na vida errada.
E que arriscar ou não, terminaria levando ao mesmo vazio.
... vazio de alma, vazio de amor, vazio de um monte coisa.
Mas ela sorria pra quem quisesse ver.
E chorava, mas não gostava de falar como as coisas realmente estavam.
Ali, sentada a quilômetros de distância, ela encostou a cabeça embaixo da árvore e suspirou.
Suspirou pra aliviar o peso das costas, pra tentar fugir desse preto e branco, pra tentar sonhar um sonho bom e retido, pra não repensar nos caminhos que escolheu.
Ela doía por dentro, mas era difícil perceber.
E se permitia sofrer por dentro, chorava de vez em quando e continuava fingindo não sofrer.
Isso ela sabia de cor.
Teve vontade de cessar algumas vezes.
Mas se não saísse para ver beija-flores todas as manhãs, só veria a primavera outra vez daqui 365 dias.
Por isso ela decidiu ficar de pé.
Por isso ela vestia um sorriso bom de se ver, mesmo chorando por dentro.
Por isso ela decidiu jogar fora seus textos e começou a colecionar solidão.
Era outono quando tudo foi embora.
Agora já é primavera e tudo! e quase nada...
... mudou.

A.Gouveia

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Indo embora do que já não dá pra sentir mais.

Coloquei na mala aquela camiseta regata branca que você tanto gosta. Estou levando o tênis preto também... você diz que os dois combinam tanto que, apesar de não concordar com você, resolvi considerar. Acho que embarco para Argentina na próxima semana. Você sabe que não sei falar espanhol, mas aprendi um pouco com as videoaulas, com os PDfs e com o Google Tradutor. Comprei um dicionário também... Não te contei antes porque fiquei com medo de você querer juntar dinheiro e vender os livros e os seriados pra ir também e definitivamente, Argentina não combina com você. Nem Bariloche, nem Porto de galinhas, nem essas paredes, nem Eva Peron, nem Eu. Como pude não perceber desde o inicio que a gente não combina? Como pude empurrar com a barriga por tanto tempo? Talvez seja como você mesma diz, eu não tenho muita noção de tempo, afinal, até as horas eu confundo um pouco! Essa coisa de 9h ser 21h, e tal, e também confundo os ponteiros. Não sei pra quê tantos! Acho que quando a gente sente que deve ir, a gente simplesmente vai. Não precisa dos ponteiros pra indicar segundos, minutos, ou as horas. Acontece que tudo isso me prende e, não me deixa ver se lá fora é dia ou noite. Aí me dá uma preguiça de chegar até a varanda e ouvir todos aqueles barulhos que me enlouquecem tanto! Ultimamente, tem sido inverno todos os dias dentro de mim. E essa coisa de você não me deixar ir tem me matado aos poucos, talvez seja costume, mas passa, vai passar, sempre passa. 

A.Gouveia

domingo, 1 de setembro de 2013

Se cuida....

"Comprei uma cama nova.
Outro dia arrumei o quarto e mudei tudo de lugar.
A gente cruzou agosto num compasso bom.
Ah, setembro tem cheiro de coisa nova, de riso solto...
Deve ser a nossa vontade de mudar.
E deixa comigo...  que o sorriso aqui ainda continua o mesmo. "

- Anderson Gouveia